quinta-feira, 21 de abril de 2011

Introspecção.

...Mergulhara...

Um piscar de olhos fora o tempo de sua queda. Tão rápido cai aquele que se vê acima de si próprio.
"Do teu fracasso eu sei, de nada."
Tudo que um dia construíra vira agora ruinar aos seus pés.

A ingraditão suavemente o empurrara ao tal mergulho. Um mergulho metaforizado em teu próprio ser.
Um ser inóspito, onde alma sequer poderia viver. Ao contrário de nós ele nunca pensara com o coração, levava a frente uma espada que feria sem nem mesmo ter de tocar.

Teus joelhos jamais curvaram-se diante de algo ou alguém; teu olhar nunca ultrapassara a linha delimitada abaixo dos mesmos.

Narcisista que era, parara, uma noite dessas, em frente ao espelho. Contudo, desta vez, olhara-se de uma forma diferente. Compenetradamente via  fundo o seu olhar, num impulso quisera ouvir seu coração.

Silêncio, silêncio, silêncio, silêncio!
Um silêncio gritado, agonizante, barulhento, ensurdecedor.

Pois bem, colocara a mão carinhosamente do lado esquerdo do peito, tentando assim, mesmo que ligeiramente suave, sentir uma palpitação de um órgão a que só agora ele dava um minuto de atenção que fosse.

..., ..., ..., ..., ..., Tum!
Uma batida leve e descompassada, bem como uma criança aprendendo a caminhar.

Mas enfim, um sorriso tímido, daqueles em que os dentes evitam ao máximo aparecer - se é se pode chamar de sorriso- mostrara que ainda havia esperança... ou não!

Aquele minuto, infame minuto, olhando em direção ao espelho não o fizera ceder.
Assim seria desde o começo de sua vida.
Predestinado, estava ele, e o dia que viria.

Já não mais, o tempo era escasso.

Uma dor arrebatadora, um momento irreversível.
Num impulso levara a mão ao peito. Tudo congelara acerca de si, para que ele tivesse a certeza de que:

..., ..., ..., ..., ..., ...!

Cessara sua última palpitação descompassada.

...Mergulhara...

Mais um ser que nunca pensara com o coração!

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