segunda-feira, 11 de julho de 2011

Posologia.

Nascia ali mesmo, em meio a aberrações extremamente comuns aos olhos.

De forma alguma enxergariam o que realmente os cercava. Era um plano de quase duas décadas, um plano muito bem arquitetado, um plano que ninguém um dia sequer ousou, mesmo que hipoteticamente, fazer menção.

Rápida é a queda quando o declive é muito acentuado, rápida até demais.

Histórias e contos de fadas ficam em nossos travesseiros, nos castos que nos enlaçam enquanto ainda somos, diferentes, simplesmente diferentes.

Vidros quebrando, correntes sendo arrastadas, gemidos de dor, o barulho da carne sendo perfurada, ouvidos sensíveis.

Pena que isso era apenas o que os ouvidos captavam, o que os olhos viam era indescritível, aterrorizantemente indescritível. A soma dos corpos que ali estavam, resultavam num genocídio.

A prescrição médica dizia que haveria chuva naquela manhã. O rádio transmitia um noticiário completamente mudo. A televisão, melhor nem tentar explicar.
E quem sou? Acho que fui um soldado há umas duas décadas atrás. Os destroços da guerra do dia a dia ainda ecoam em mim, oriundam de entranhas profundas. O plano maquiavélico fora eu mesmo quem arquitetou, um plano perfeito demais para sair desse minha mente corrompida.

Afinal, eu sou apenas resquícios nostálgicos de pequenas lembranças.