segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A tão natural discórdia.

Um clarão, desenhado em milhões de volts, corta o céu e atinge o solo esburacado. Segundos depois como não poderia deixar de ser, um estrondoso trovão apresenta-se. Dizem que não há nada mais silencioso do que o barulho de um. Dessa vez não fora assim.

Um grito agudo e feminino, parecido com o de uma criança, quebrara tal silêncio. Dera a impressão de que fora ouvido por muitos, há muitos quilômetros de distância.
Um anuncio de que a tempestade viria, caminhava ela vagarosamente, sem se importar com o estrago que viria a fazer.
Como dizia um velho sábio, nem sempre depois da tempestade vem a bonança.
A cor do céu anunciava que a bonança estava um tanto quanto longe, concretizando assim, os dizeres do sábio.

Enfim, nascemos desprotegidos, e desprotegidos viveremos até o fim.
Não há nada mais sanguinolento do que o ser humano.
Fere, de forma vil, com as palavras que por vezes profere e as cicatrizes jamais surgirão; são feridas que permanecerão abertas para sempre.

Sentimentos; quaisquer os forem, são o maiores problemas que possuímos, nós todos os fracos e pecadores, sem excessão de uma alma vivente sequer.
Raras vezes demonstram sua nobreza.
Raras vezes não magoam ninguém.


Somos todos raios, que caem "seguindo o decontínuo passo do destino".
Notória demagogia dizer que o homem é naturalmente bom; somos todos vis, sanguinolentos.

Baluartes da discórdia.

Prenúncio do fim.

Os olhos compenetrados; as mãos esperando o momento certo; a mente maquinando como seria o ataque; o corpo imóvel mimetizado e o suor escorria por ambas as têmporas.

O alvo movimetava-se de um lado ao outro sem sequer imaginar o que lhe aguardava. Eis, a seleção natural. 
O maior sempre é o mais forte. E a sabedoria é essencial à sobrevivência.
Interessante ver que em milésimos de segundos perde-se anos vividos.
O destino não é nenhum pouco incerto, não há mais nada tão sabido quanto ele, predestinado.

Num ponto em que já não há uma escapatória, ele debate-se em seu próprio interior. 
Antes da morte, nenhum filme passa pela cabeça, o medo é tão maior quanto ao ato de conseguir pensar em alguma coisa. 

Desde o ato de nossa concepção, passamos a viver o prenúncio do fim.
Nos matamos pouco a pouco. Alguém, apenas nos liquida na hora correta.

Com ele não foi diferente.
Os olhos cheios de ódio; as mãos hábeis para matar; a mente fria e calculista; o corpo executor deram a cartada final.

Sem mais delongas, oremos, oremos por mais este.