quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Desvínculo.

Um olhar distante e úmido, as lágrimas sequer tinham força para cair.
Um corpo imóvel, em meio a toda aquela gente que ia esbarrando no franzino saco de ossos.
Uma mente atordoada, sem conseguir processar os pulsos, inúmeros pulsos enviados pelo sistema nervoso.
Um coração apertado, agonizando frente ao medo.

Sensações estas objetivadas pela perda, o desvínculo vital.
Acontecera ali mesmo, a poucos instantes. A estação de trem, tão cheia e ao mesmo tempo tão solitária, sempre reserva fatídicas surpresas.
Um pequeno garoto que sentiu suas mãos deixarem de existir, e um turbilhão de tormentos tomar conta.
Barulhos estridentes, vozes indecifráveis, vultos por todos os lados.
Um relógio acima de sua cabeça, uma escada bem ao leste, a bilheteria no pé da escada.
Ele já não tinha mais ninguém e isso precedera aquela cinestesia já transcrita.

Em instantes um lugar inóspito.
A sua frente, um trilho; vindo ao longe, um trem.
Não lhe restara escolha.
Mergulhou num impulso, de certa forma fugaz.

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